Estivemos à mesa, eu e a minha madrasta, o meu pai fez-me várias perguntas, entre as quais "queres ajuda para que lado, para este ou para o outro?", eu disse que não precisava de ajuda, mas se ele quisesse mesmo ajudar-me, que me ajudasse para continuar. Esteve a repugnar-me a conversa toda, disse que eu nao era normal, que só por dar na tv e na net, não é normal, que é fácil de contornar, eu insisti dizendo que já tentei, e disse que isto não era anormalidade nenhuma, era eu simplesmente. Ele disse que eu podia fazer bem o que os outros supostamente normais fazem, que não tenho nada a mais nem nada a menos "não tens nenhum chip para isso", ele disse que a angústia que sentia era a mesma de quando ia ver os pais a morrer, eu perguntei porquê, ele disse mais uma vez que eu vou caír na ruina, que vou sofrer, que vou que vou que vou, que a minha mãe vai parar ao hospital quando souber, que a minha tia o mesmo, toda a minha família do lado da minha mãe me vai rejeitar (os "serranos"), e que eu vou ficar sem quase ninguém, que vou sofrer basicamente. Ao fim ao cabo quem me faz sofrer é ele, eu tenho o meu amor, que me faz sentir especial e único, a única ajuda que ele me pode dar para me fazer sorrir é ajudar-me a ir ter com ele mais vezes e fazer-me um pouco mais feliz. Eu estou desamparado. A minha mãe nunca mais vai ter a mesma ligação que tinha antes disso, o meu pai igual, apenas a minha madrasta se apegou mais a mim, ela é um pouco mais avançada mentalmente. Ele disse que se fosse o meu avô, que lhe "limpava o sebo" e que se fosse preciso mo fazia a mim, estou aterrorizado, tive medo de ir dormir de não acordar mais. A pergunta que eu fiz à minha madrasta quando ele foi comprar tabaco foi "O que faço agora?" com a cara cheia de lágrimas e a caírem intensamente. Ela respondeu-me: "É difícil...". Corri para o quarto ainda a chorar e fui para a cama, mas com o medo do meu próprio pai não consegui dormir. A minha madrasta trouxe-me uns livros e uns textos que imprimiu do site das Testemunhas de Jeová (a religião à qual eu me concerno mais) para eu ler, eu li, deitei-me na cama com o candeeiro semi-aceso a olhar para a parede e a pensar no que vou fazer. Ainda não sei bem. Adicionalmente o meu pai perguntou-me: "o que queres da vida quando fores maior? Tirar a carta, ter uma mulher, casar e ter filhos?" eu respondi: "tudo isso, sem a mulher". "Como pretendes ter filhos? Vais roubá-los, comprá-los, adoptá-los?!" respondi: "vou fazer o que entender.". Ele disse que se eu fosse filho único até era mais descontraído, mas que agora nem netos vai ter. Custa-me pensar que está mais interessado nos netos que no meu bem-estar.
O pior disto tudo é que toda a gente na minha família vai acabar por saber, e eu não sei bem com que cara lhes vou olhar.
O Eric ontem mandou-me uma sms, recebi-a à 1 da manha: "claudio, se estiver a causar sofrimento na tua família, podemos acabar.." (quase o mesmo). Apesar disto tudo, ficar sem ele neste momento, era a pior coisa que me podia acontecer, era merda em cima de merda.
Bem, fica aqui a resposta, quando se ama verdadeiramente, não é por causa destas coisas que se acaba tudo. É precisamente nestes momentos que se precisa mais da outra pessoa, e se a distância já provou que as coisas funcionam bem mesmo assim, isto não vai estragar nada, são pequenos pormenores num grande coração. Eu amo-te e isso não muda nem com o meu pai nem com a minha mãe, nem com nenhum indivíduo neste mundo, só vem de mim.
Ontem fiquei a conhecer melhor o meu pai e a saber que afinal não era assim tão sensato. Pois... Um tombo para juntar à colecção.
Só com MUITA MUITA MUITA MUITA sorte a minha mãe não me vai expulsar de casa. MUITA sorte!
Cresci muito com isto e cresço todos os dias.
E agora pergunto a vocês, que me têm ajudado: "O que faço agora?"
Lindo não é? :b
