I am yours now, so now I don't ever have to leave.

Cartas de um Sedutor

(...) Chama-se Alberto. Chamo-o de Albert à cause do meu querido Camus. O único. É belo igual a ele. (...) Mas falemos agora de uma evidência perturbadora para a caterva e tão genuína e transparente para mim: como os machos se amam uns aos outros! Por que fazem desse fato tamanho mistério e sofrimento? Perdoa-me, Cordélia, mas a não ser tu, minha irmã e tão bela, não tive um nítido e premente desejo por mulher alguma. Mas sempre gosto de ser chupado. Então às vezes seduzo algumas de beiçolinha revirada. Mas o falo na rosa, nas mulheres, só in extremis. (...) Gosto de corpos duros, esguios, de nádegas iguais àqueles gomos ainda verdes, grudados tenazmente à sua envoltura. (...) Gosto de cu de homem, cus viris, uns pêlos negros ou aloirados à volta, um contrair-se, um fechar-se cheio de opinião. E as mulheres com seus gemidos e suas falações e grandes cus vermelhuscos não me atraem. (...) Bunda de mulher deve dar bons bifes no caso de desastre na neve. (...) Quanto a Albert. Tem 16. É mecânico. Não faças essa cara e não rias. Se tu o visses, teus grandes e pequenos lábios intumesceriam de prazer, assim como intumesciam sob os meus dedos quando eu os tocava fingindo esmigalhar as polpinhas rosadas. (...)

Cartas de um Sedutor, Hilda Hilst

Está tudo bem, não chores.

Estás e empurras as costas.

Soas para não deixar cair

O coração no soalho?

Resumidamente tu, vento frio.

Janela de arrepio e de tempo longínquo.


CD



"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te."

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